05 fevereiro 2016

Novos tempos demandam novos hábitos

As coisas mudam hoje, muito mais rápido do que há alguns anos e não existe meio de negarmos essa transformação.

Até os idos de 1970, São Paulo recolhia seu lixo em latas de 18 litros ou caixotes de madeira e depois da passagem do caminhão (carroça) no final da tarde ou pela manhã nos locais onde a coleta era realizada de madrugada, as donas de casa saíam atrás de seus respectivos recipientes.

No início de 1972 o prefeito Figueiredo Ferraz, assinou a lei que adotava o saco preto de polietileno como único acondicionador de lixo doméstico, depois de uma longa batalha para convencer a população que era o melhor método.

Naquela época o lixo doméstico era basicamente orgânico e destinado a usinas de compostagem ou incineradores, o conceito de limpeza urbana era outro, mas nosso foco aqui hoje é mudança de hábito. De lá para cá muita coisa se transformou e em nada lembra o ambiente daquela época.

A realidade atual exige novas abordagens nas questões de lixo e sustentabilidade, a própria cidade, que em muitos casos ainda funciona como antigamente precisa repensar sua dinâmica. Não existe simplicidade, nem inocência que caibam numa visão urbana.

Nem mesmo o saco de polietileno preto, pode ser visto como única alternativa para o lixo, nem o lixo pode ser encarado como foi 40 anos atrás.

Talvez, parcelas significativas das gerações atuais, ainda resistam bravamente às novidades, como coleta seletiva, engenharia reversa, água de reúso, mas as gerações que estão brotando agora, vão na fase adulta encontrar esse mundo que se formata agora e vão agir com naturalidade. Seus dilemas e resistências serão outros que sequer podemos imaginar.

Então vamos ensinar os pequenos sobre a importância do consumo consciente, da importância de se manter o equilíbrio nas questões de sustentabilidade, vamos plantar e regar os conceitos que estão bem diante deles e relativizar o mais possível assuntos como "lixo", "água", "sustentabilidade" e "cidadania", bem mais amplos do que aqueles que nos foram passados.

Iniciativas em escolas, mesmo que de forma tímida, vão fortalecendo o conceito Em Barbacena, a professora de Geografia, Letícia das Mercês Silveira Costa, desenvolve o projeto “Sabão Ecológico”, em Ribeirão das Neves a professora de Biologia, Márcia Aparecida Silva, utiliza materiais reciclados para a revitalização do espaço escolar. “Estamos construindo bancos com pneus, uma horta vertical com garrafas pet e fazendo o plantio de mudas”, conta.

O momento é de reflexão sobre o papel dos recursos naturais para a qualidade de vida e para o desenvolvimento sustentável, bem como para o planejamento de ações a fim de se atingir esses objetivos.
Governos fazem sua parte, mas sempre são mais lentos e pontuais; a força maior está nas mãos da população, que pode através de mobilização, envolver a comunidade, visando o bem comum.

No frigir dos ovos é o caso de estimular o conceito de evolução ao invés do conceito de crescimento. Evoluindo, você maximiza o uso dos recursos e melhora o planejamento, crescendo você terá que sempre dispender mais recursos.

São Paulo está aí para demonstrar o paradoxo das enchentes em determinados pontos da cidade e a falta d'água acontecendo simultaneamente, por conta do crescimento que não respeitou o uso consciente do solo.
E para encerrar, Uberlândia também oferece alternativas nas questões ambientais. Há serviço de coleta seletiva domiciliar, o "cata-treco", aterro sanitário e ecopontos distribuídos, para onde pode ser levado o resíduo sólido da construção civil e pequenos entulhos até 1 m³. Questão de habituar-se.

Nossas mães e avós, resistiram bravamente ao saco preto de polietileno, muitos de nós ainda resistem aos hábitos de consumo consciente e coleta seletiva.

Acredito que as gerações futuras tenham outros dilemas e que serão mais leves e mais rapidamente resolvidos.

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jornal web Farol Comunitário

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