13 março 2016

É preciso quebrar a maldição do trono vazio


“Vaca profana põe teus cornos/Pra fora e acima da manada” (Caetano Veloso)


“Scaramouch, scaramouch, will you do the Fandango” (Freddie Mercury)


Ouça o discurso de João Goulart em 13/03/1964. (52 anos hoje)

Não deixa de ser uma oportunidade de limpar um trecho da história. Se conseguirmos passar por essa grande turbulência, sem tanques, será um grande passo. E sem mártires também

Em 1889 a nobreza dançava na ilha; os militares tramavam no clube e o povo dormia.

Em 1964, os extremistas disputavam o Brasil à tapa e um general à mineira colocou os tanques na rua. O povo dormia. Em 2016 o Brasil precisa acertar seus ponteiros com a história.

Vamos juntar forças para limpar o Brasil do que verdadeiramente não presta (seja quem for), ou vamos contabilizar os mortos??

Aos patetas úteis de todos os matizes, uma lembrança:

- O "Poder" em todas as fases da história conhecida do mundo, sempre se lixou para a militância. Um papel higiênico, que uma vez cumprido o propósito, vai, sujo e amassado para a lata do lixo.

Não acredito em movimento social, não acredito em mudanças pela força das massas, o resultado disso é outra elite mandando.

As redes sociais estão chatíssimas e os posts pró e contra em sua maioria ou ofendem, ou mentem, ou fazem piada.

Nada é mais forte que um, que tenha plena consciência de sua capacidade e que aja. A mudança vem de dentro, vem do centro de cada um, não da manada, que sai para a rua gritando a palavra de ordem cantada no carro de som. Seja vermelha, seja verde-amarela, seja o que for. Seja brandindo facões e foices ou balançando bonecos no ar.

Chega de pantomima, chega de marionetes, chega de peitos medalhados, chega de faixa, chega de torcida.


Efeito novela


Ou padrão BBB. Tirar ou deixar os governantes, julgar ou não os empreiteiros, os políticos, os lobistas? Será verdadeiro ou falso? Esperar pela Olimpíada? Combater o Aedes? Esquecer a Tragédia de Mariana? Largar a Serra da Capivara à própria sorte? Dar uma banana ao Rio São Francisco? Nós que nunca fomos cidadãos, seja por medo ou pela zona de conforto, temos um país inteiro para reorganizar, um mundo de informação para digerir.

Não se muda o destino do todo sem a transformação interior, da construção do brio individual. Nem com decretos.

Chega de radar, faixa de pedestre, lombada eletrônica, rebite, chega de hora marcada, chega de migalha.

Chega de regência trina, de junta, de farda, de populismo barato, de ídolos. A salvação do Brasil será o resultado do esforço individual. A salvação do Brasil é efeito. A causa, cada um de nós.

Chega de vassourinha, de 50 anos em cinco, de Brasil Ame-o ou deixe-o, de caçador de marajás, chega de país do futebol, chega de slogan.

Há 500 anos nos momentos de encruzilhada política, uma parcela significativa da sociedade brasileira apenas assistiu e às vezes sequer ficou sabendo, se não bem depois.

A primeira vez é sempre atrapalhada e incompleta, mas o treino e o tempo...........

As crises, todas elas, são um sinal forte de que os modelos vigentes expiraram. Esqueça as bases sobre as quais construímos o mundo nos últimos 300 anos pelo menos. Elas eram analógicas, materialistas e concretas e o mundo de hoje é espiritual, digital e líquido. Não há parâmetro. Invente tudo de novo.

Amaldiçoada sala do trono, usurpada, a qual tantos querem e nenhum permite que seja ocupada.

Safadezas temos, a bem da verdade, desde que a esquadra aportou nas areias da Bahia.

Na minha visão, o nó górdio é bem mais tarde, na fria madrugada de novembro de 1889. Colocaram o Imperador no navio do exílio e não sabiam o que fazer com o trono vazio.

Não sabem o que fazer até hoje.

Politicamente pensando, o Brasil parou no tempo em 15/11/1889. Mandaram o Imperador embora, achando que o trono vazio era a solução. Brigam até hoje por ele e dão as costas ao país.

Quebrar a maldição é a chave para isso.

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